Todo dia, 12:15, como um relógio. Ela saia para o almoço junto com outras colegas de trabalho - todas de jaleco. Desfilava confiante, exuberante, decidida, exibida, certa de sua gostosura, que o jaleco disfarçava levemente, ora cobrindo, ora mostrando. Um golpe de vento aqui e o jaleco dá uma subidinha; outro golpe de vento ali e o jaleco se amontoa para o lado. Cada movimento parece revelar uma curva diferente do seu corpo. Eu me espremo naquele boteco nojento onde ela come o PF do dia - não deve ser médica pra comer estas porcarias! - e faço hora com um café melado e requentado, às vezes dois, até três, se ela se perde nas conversas, sempre desinteressantes, sobre sangue, urina, secreções e excrementos.
Ouvi no rádio que os médicos, enfermeiros e profissionais de saúde estão proibidos de usar jaleco fora do ambiente de trabalho, e que quem desrespeitasse estaria sujeito à multa, que dobraria em caso de reincidência... Disseram que o objetivo era impedir que os jalecos servissem de fonte e veículo de transmissão de micro-organismos. Um blá, blá, blá que para mim não importava nem um pouco... Mas o que seria da gostosa do jaleco?
Nunca mais fui ao boteco.
Ouvi no rádio que os médicos, enfermeiros e profissionais de saúde estão proibidos de usar jaleco fora do ambiente de trabalho, e que quem desrespeitasse estaria sujeito à multa, que dobraria em caso de reincidência... Disseram que o objetivo era impedir que os jalecos servissem de fonte e veículo de transmissão de micro-organismos. Um blá, blá, blá que para mim não importava nem um pouco... Mas o que seria da gostosa do jaleco?
Nunca mais fui ao boteco.
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