21.9.06

eu e minha boca ferida, leiloada ao silêncio
numa manhã desprovida de pássaros e sem lascas de sol.
uma nudez de alguma ausência anuncia um acontecimento:

busco devolver o corpo ao corpo... do corpo aos corpos
depois de tudo o que passei:

joões-de-barro despencados galho a galho
pedras desfolhadas em saveiros estelares
surpreso ao constatar que algo em mim ainda cresça,
(apesar de tudo)

a dureza,
à dureza,
àa dureza.
àà dureza.


nascido em fevereiro,
como pude endomingar-me?


asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª feira, vigézº primº dia do nonº mez d este anno de MMVI

16.9.06

... e o tempo não parou para nós
como esperávamos.
antes, ele nos abraçou com a vontade
de quem revê um velho amigo que não se via há muito...

mas ao menos fizemos graça disso tudo,
como brincadeira de criança:
um ano para você, um ano para mim,
invariavelmente...

assim nossos olhos cegos poderão
continuar a enxergar em nós
toda a beleza que queremos enxergar...

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, dezº sexº dia do nonº mez d este anno de MMVI

6.9.06

Grandfather

Derek Mahon, born Belfast 1941

They brought him in on a stretcher from the world,
Wounded but humorous; and he soon recovered.
Boiler-rooms, row upon row of gantries rolled
Away to reveal the landscape of a childhood
Only he can recapture. Even on cold
Mornings he is up at six with a block of wood
Or a box of nails, discreetly up to no good
Or banging round the house like a four-year-old --

Never there when you call. But after dark
You hear his great boots thumping in the hall
And in he comes, as cute as they come. Each night
His shrewd eyes bolt the door and set the clock
Against the future, then his light goes out.
Nothing escapes him; he escapes us all.