19.8.06

despojamento

...e por outro lado, outras bandas & outros ares
outros todomundo perguntavam, apesar dos pesares:
e tu, amiga, sabes donde estas metendo tua colher?
e tu dizia, preocupem não, sei o que estou a fazer.

embora saber sabia, o que prever não podia era donde
tal viagem ia dar, no coração é certo, se perto ou longe
do núcleo, ele mesmo o divisor do que é eterno ou efêmero,
que só de a dúvida brotar já fica o coração mais enfermo...

e coisa vai, coisa ia, tudo bem regado a certa poesia,
a tal do dia a dia, que encanta, enfeitiça e alumia
e se já se vai meio sem rumo, ponto sem nó, fruta sem sumo
aí é que o bicho pega, a cabra cega e a cobra leva fumo.

e mesmo sem crer em dito popular, maldito ou bendito que seja
entrega-se a alma e tudo mais que nela se carrega, de bandeja,
e ao entregar tão valoroso bem a um outro, esse tal de Alguém,
vê-se que também se queria que esse Alguém lhe desse o mesmo bem,

mas se de esperar a gente se cansa, contravontades de amores
então luta-se contra a vontade, a evitar devastações maiores
e parte-se, divide-se, subtrai-se então, e sem somatória
vai-se à procura de algo(uém) pra ajuntar e fazer história.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, dezº nonº dia do octº mez d este anno de MMVI

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