7.9.18

Ella Fitzgerald: Every Time We Say Goodbye (1965)





Every time we say goodbye

Every time we say goodbye
I die a little
Every time we say goodbye
I wonder why a little

Why the Gods above me
Who must be in the know
Think so little of me
They allow you to go

When you're near
There's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere
Begin to sing about it
There's no love song finer
But how strange the change from major to minor
Every time we say goodbye

When you're near
There's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere
Begin to sing about it
There's no love song finer
But how strange the change from major to minor
Every time we say goodbye

Toda vez que dizemos adeus

Toda vez que dizemos adeus
Eu morro um pouquinho
Toda vez que dizemos adeus
Eu questiono um pouquinho

Por que Deus, lá no céu
Me deu um destino assim
Deixar-me jogado ao léu
Quando estás longe de mim

Mas quando você está por perto
A primavera sente sua presença
Até os pássaros fazem concerto
Pois também sentem sua presença
Mas essa bela canção de amor
Também pode cantar a dor
Toda vez que dizemos adeus

Mas quando você está por perto
A primavera sente sua presença
Até os pássaros fazem concerto
Pois também sentem sua presença
Mas essa bela canção de amor
Também pode cantar a dor
Toda vez que dizemos adeus

8.5.18

'As You Like It', de Shakespeare (trecho)

O trecho aqui traduzido pertence à Cena Sete do Ato II. Para dar contexto, uma fala antes, outra personagem afirma:

"Vês que não somos infelizes sozinhos:
neste teatro amplo e universal
há desfiles mais lamentáveis do que
os que encenamos.”


E no monólogo que segue, a personagem 'Melancholy Jaques', uma das principais da peça, escancara seu desânimo...


"O mundo é um palco, e nós, meros atores
entrando e saindo de cena. E nestas cenas o homem pode
representar vários papéis, encenados em sete estágios:
Primeiro o bebê, regurgitando e chorando no colo da mãe;
depois o menino preguiçoso na escola, mochila em mãos,
ainda sonado, rastejando-se como uma lesma para a aula;
depois o amante, empenhado num vai-e-vem alucinante,
babando como um animal sobre o corpo da amante;
depois o soldado, cheio de juramentos duvidosos,
camuflando-se como um leopardo, zeloso de sua honra,
súbito e rápido em suas disputas, buscando reputação
rápida e qualquer, mesmo que na boca de um canhão;
e depois o Justo, de barriga redonda e virilmente castrado,
de olhos severos e barba aparada, de aforismos sábios
e argumentos modernos. E assim esse homem cumpriu seu papel,
o sexto estágio deixa-o de calças largas e desengonçadas,
de óculos no nariz e bolsa tiracolo, a virilidade aposentada,
pois o mundo agora mostra-se demasiado amplo para ela,
e aquele vozeirão másculo agora soa esgarniçado,
lembrando novamente os sopros e assobios da infância.
E a última cena do espetáculo começa, para finalizar
essa estranha história de inesperados acontecimentos,
também chamada Segunda Infância e o Mero Esquecimento:
sem dentes, sem visão, sem gosto... sem coisa alguma."


[“As You Like It”, Ato II, Cena VII, in “The Complete Works of William Shakespeare”, edited by W. J. Craig, M.A., Magpie Books, London, 1992, 1142 pp.]


All the world's a stage,
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances;
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first the infant,
Mewling and puking in the nurse's arms.
And then the whining school-boy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress' eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths and bearded like the pard,
Jealous in honour, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon's mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lined,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slipper'd pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side,
His youthful hose, well saved, a world too wide
For his shrunk shank; and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.

3.5.18

20180516

The Lovers II, 1928 by Rene Magritte
+ www.artsy.net
algo além do universo...
deve haver algo além do universo
que justifique ou explique esse amor:

depois da luz, além do próximo
no único ponto do mundo
sem movimento -
          não no corpo -
tampouco fora do corpo
          não na mente -
tampouco fora da mente
: lá se encontra o amor incondicional.

não indo nem vindo: parado
       sem inércia -
tampouco movimento
: passado e futuro diluidos
em presente
     sem ascenção -
tampouco declínio
apenas o ponto
       o ponto
parado do mundo em movimento
onde não há dança -
    e só há dança
: lá se ama
      o amor dos iluminados...

e eu, à luz de velas,
me pergunto, retoricamente:
como amar incondicionalmente
se ainda não sei desprender-me
do amor que sinto por ela?