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28.3.21

Marco Rheis - Uma Homenagem

Marcão num encontro virtual, uma semana antes do seu falecimento.

Muitos Anos de Vida

No dia
13 de Abril de 1993
eu acordei
às 7:20
33 anos depois.
_____

Viajante

Vejo este povo espalhado pelos lugares
onde muda de cor e feição mas muda nunca a explorada fé
na esperança do resistente olhar que desafia o descaso :
             “há uma recompensa para o justo
             sim, há um Deus que julga na Terra.”

O peito aparta a dor desta minha gente
- que caminha descalça na terra do chão -
mostrar seus costumes onde planje cega justiça
feita pela lei do homem que não mata a fome que mata
neste lugar onde o orgulho é ferido.

Não sinto peso de estar distante
onde tange caminho de luta sobra rastro e dor
ceifando chão onde morre desejo vem o destino
indicando naquela que leva e trás
o passo a passo errante que empurra:
vai caminhar!
_____

Conto de Ano Novo para São Paulo

Corticos,
crianças e rostos
dos restos rotos dos Campos Elíseos.

Famintos (com vergonha) e
pratos fartos (com desconfiança)
mostram os olhos.

São Bentos, Joãos e Ifigênias.
Duques e Princesas.

Ainda planalto cercado de serras,
envolto em fumaça.
_____

Pecado

Se você for pecado,
atire
a primeira pedra
e dê
o primeiro beijo.
_____

Bilhete

Curta!
A curta vida
é.
Joguei
muita coisa fora.

Sejam felizes.

2.5.20

Quarentine - Eavan Boland

Eavan Boland, who redefined Irish poetry from a woman's point of ...
“A vida do poeta é sempre uma convocação para tentar estabelecer alguma verdade que era verdadeira antes, e que continuará sendo verdadeira. Nenhum poeta deveria ter que se preocupar com o respeito público, ou com a falta dele, na qual nossa arte é realizada.”
Eavan Boland (1944-2020).

Esse era um princípio pelo qual ela viveu e escreveu...

Quarantine
by Eavan Boland

In the worst hour of the worst season
of the worst year of a whole people
a man set out from the workhouse with his wife.
He was walking - they were both walking - north.

She was sick with famine fever and could not keep up.
He lifted her and put her on his back.
He walked like that west and west and north.
Until at nightfall under freezing stars they arrived.

In the morning they were both found dead.
Of cold. Of hunger. Of the toxins of a whole history.
But her feet were held against his breastbone.
The last heat of his flesh was his last gift to her.

Let no love poem ever come to this threshold.
There is no place here for the inexact
praise of the easy graces and sensuality of the body.
There is only time for this merciless inventory:

Their death together in the winter of 1847.
Also what they suffered. How they lived.
And what there is between a man and woman.
And in which darkness it can best be proved.

3.5.19

Âşık Veysel - uma jóia rara


Completamente por acaso me deparei com o poeta e músico turco Âşık Veysel (1894-1973), ouvindo ao fan-tás-ti-co “The Blue of the Night” com Bernard Clarke, na RTÉ Radio 1 FM. Imediatamente a voz de Âşık e o sentimento que suas músicas transmitem - ele foi um Ashik, um cantor que acompanha sua própria música com um instrumento, segundo a tradição turca - me tocaram, e passei a ouvi-lo quase que obcecadamente!

A boa notícia é que grande parte de sua música pode ser ouvida gratuitamente no Spotify ou no YouTube!

Inspirado no sentimento que sua música causa, traduzi - direto do turco, é claro - um poema de Âşık:

Caminho um caminho longo e estreito


Caminho um caminho longo e estreito
Dia e noite caminho este caminho
Não sei em que parte do caminho estou:
Dia e noite caminhando este caminho.

No momento que vim a este mudo,
Já comecei a andar, e logo entrei
Neste palácio de duas portas distintas:
Dia e noite caminhando este caminho.

Eu caminho mesmo dormindo
E mesmo de olhos bem fechados
Eu acabo vendo os que se foram:
Dia e noite caminhando este caminho.

Quarenta e nove anos nessa estrada
Entre desertos, montanhas e vales,
Por terras estranhas fiz meu caminho:
Dia e noite caminhando este caminho.

Profundamente penso neste caminho,
Cujo destino parece estar muito longe,
Embora a estrada pareça curta e ampla:
Dia e noite caminhando este caminho

A esta altura do caminho, Veysel se pergunta
Se deveria rir ou chorar... O que seria o certo?
Com um destino ainda por alcançar:
Dia e noite caminhando este caminho.


Uzun ince bir yoldayım


Uzun ince bir yoldayım,
Gidiyorum gündüz gece,
Bilmiyorum ne haldeyim,
Gidiyorum gündüz gece.

Dünyaya geldiğim anda,
Yürüdüm aynı zamanda,
İki kapılı bir handa
Gidiyorum gündüz gece.

Uykuda dahi yürüyom,
Kalmaya sebep arıyom,
Gidenleri hep görüyom,
Gidiyorum gündüz gece

Kırk dokuz yıl bu yollarda
Ovada dağda çöllerde,
Düşmüşüm gurbet ellerde
Gidiyorum gündüz gece.

Düşünülürse derince,
Uzak görünür görünce,
Yol bir dakka miktarınca
Gidiyorum gündüz gece.

Şaşar Veysel iş bu hale
Gah ağlaya gahi güle,
Yetişmek için menzile
Gidiyorum gündüz gece

7.9.18

Ella Fitzgerald: Every Time We Say Goodbye (1965)





Every time we say goodbye

Every time we say goodbye
I die a little
Every time we say goodbye
I wonder why a little

Why the Gods above me
Who must be in the know
Think so little of me
They allow you to go

When you're near
There's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere
Begin to sing about it
There's no love song finer
But how strange the change from major to minor
Every time we say goodbye

When you're near
There's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere
Begin to sing about it
There's no love song finer
But how strange the change from major to minor
Every time we say goodbye

Toda vez que dizemos adeus

Toda vez que dizemos adeus
Eu morro um pouquinho
Toda vez que dizemos adeus
Eu questiono um pouquinho

Por que Deus, lá no céu
Me deu um destino assim
Deixar-me jogado ao léu
Quando estás longe de mim

Mas quando você está por perto
A primavera sente sua presença
Até os pássaros fazem concerto
Pois também sentem sua presença
Mas essa bela canção de amor
Também pode cantar a dor
Toda vez que dizemos adeus

Mas quando você está por perto
A primavera sente sua presença
Até os pássaros fazem concerto
Pois também sentem sua presença
Mas essa bela canção de amor
Também pode cantar a dor
Toda vez que dizemos adeus

25.4.15

10 anos

Swirling lovers 1 ~ ogle12
fisicamente longe dela
     - ela partiu de repente
abstinente de sí e de mim
num zepelim sem prumo
rumo àquele país estranho.

antanho foi a mesma sorte
parte ela antes da hora
embora amiúde nada mude.
alude-me em um email -
     galanteio eficiente -
e novamente me apaixono.

tento ligar, não consigo
exaurido caio na poltrona
dona insônia e sr. desconforto
me absorto meio desvalido
desiludido por entender tudo isso

eriço da ânsia de estar ao lado dela
que protela o tempo-pouco em tempo-muito
fortuito contratempo abismal

e nessa multidão sozinho
     resquardo-me em meu ninho
          disfarçado de normal
            .
          às vezes levanto a cabeça
     e antes que alguém apareça
respondo: tudo bom, nada vou mal.

Bodas de Estanho ou Zinco

Spectacles, Attributed to E. G. Washburne & Co.,
New York, New York, 1875-1900,
Painted white metal
(probably an alloy of zinc, lead, and tin)
Estanho.
metálico
branco-azulado & lustroso
em forma de cristais tetragonais,
        maleável
                dúctil
ou cubo acinzentado
        alotrópico
                pulverulento

Mas calmo mar, caudaloso sempre.

*

Zinco.
metálico
branco-azulado & cristalino
fraco & dútil quando puro
quebradiço quando ordinário
abunda em minerais
        zincita
                vilemita

Metabolizador de plantas & animais

*

Boda.
festa
para celebrar casamentos
se de brilhante
        se de coral
                se de cristal
também de diamante
        esmeralda
                estanho ou zinco.

estanho ou zinco
estanhou zinco
estanhuzinco
...
..
.

22.2.13

22022013

As time goes by, MK Photography

Edu, Edu... lá vem você, com esse brilho nos olhos, querer dizer
que o tempo passa, o tempo voa, mas que a vida continua num boa?
Bem podia ser, não fossem os planos daqueles do andar acima,
sempre por cima de tudo: da carne seca, se dinheiro e poder é a sorte,
do destino alheio, se trata-se de decidir sobre a vida e a morte - e aí...
aí meu camaradinha, é onde poucos podem entender as vontades Daquele,
que com D maiúsculo Determina Destinos, trazendo uns e levando outros.
Não fosse isso seria mais um, daqueles dias, denovo & again,
que ainda parece ser importante pra você & + meia-dúzia, nadalém,
e embora houvéssemos perdas, ainda estás aqui, cá estás de novo,
a mesma farinha do mesmo saco, a mesma gema do mesmo ovo!
a contar anos-círios, sem se dar conta da rima pobre,
muito menos dos anos-círios passados & apagados, e o que era nobre
agora não faz diferença, que desde nascença já é bastão passado,
- é tudo cabeça - costumavas dizer, diferente de tudo,
só mais uma vez, para sempre só mais uma vez,
solitário-nauta, arauto do que buscas, interminavelmente,
na mesma desafreada caçada aos futuros hontems & passados ojes
sem todos os apegos - saudadetoda, nenhumamágoa, nada-apaga, toda-via,
- a mesma saudade que nos mata dia após dia -
se as mais altas colunas da ordem e da desordem conspiram contra o tempo,
e sabes que ainda terás que barganhar outras barganhas de vida e morte,
e nessa hora, nem os aléms dos tudos que te possam oferecer serão suficiente...

e se permitido fosse auto-plágio, diria que e quando tua hora chegar
que estejas rodeado... rodeado de ti, aquele tú-mesmo e mais todos os outros tús
que te incorporam de vez em vez, e assim amalgamar-te onipresentemente,
no sentido etéreo-futurista de uma fuga de Bach... se possível fosse sobreviver-te!

parabéns pra você.

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, sexª-fejra, vjgesºsegº dia do segº mez d este anno de MMXIII

2.11.12

senão de perda, de ...


É de perda, esse Natal
e igual já vi, em dezembro de 88
afoito, em minha juventude
amiúde ocupado com coisas menores
dores só de amores, embora perdas fossem,
nem de perto como as perdas
da vida inteira - dormia minha avó,
agora para sempre, enquanto minha mãe
se despencava por dentro e por fora...

agora entendo a perda da vida inteira.

29.5.12

Ciao Souza

Da direita, Souza, Roni e eu.
12 de Agosto de 1954 - 28 de Maio de 2012
Falei da passagem lá em TUDA. Aliás foi em TUDA que publiquei muita coisa inédita de Souzalopes. Creio que as últimas coisas, antes de seu afastamento (?) dos (alguns) amigos. Motivos deve ter tido... sabeselá!

Meu caro Souza, que a terra lhe seja leve, companheiro!


Soulopiana

pessonha boa pessonha
pessonha do peito pessonha
eu não falo do verbo peçonha
peçonha que falo pessonha
é peçoa pessonha que peçonha
peçonha do peito peçonha
peçonha boa peçonha
pessonha que bem peçonha
peçonha pessoña e pessonha
mais que qualquer peçoa
como já dizia o poeta
sepolazuos in letras invertidas:
peçonha carcome pessoa

2.5.12

Coming Back Home

... cheguei sim, sem mesmo saber ao certo
de onde, nem mesmo pra onde havia ido -
ido ou partido? pois partido já ando, há muito,
em migalhas, pequenos pedaços de vidas -
não lheias, alheias - que não escolhi, herdei
só herdei. e como todo homem que herda,
quando herda, herda com a honra dos homens
mesmo sabendo do risco de se perder no caminho...

Como já dizia José Américo de Almeida:
"Rejubila-me a alma repatriada. A memória pode falhar, mas no coração não há nada esquecido. Volto. Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta".

22.2.12

22022012


pois é, edu, chegou aquele dia again,
importante pra você & outra meia-dúzia-e-meia, mais quem?
nadalém dum ou outro, farinhas do mesmo saco, gemas do mesmo ovo,
mas o importante mesmo é que estás aqui, cá estás de novo!
a contar anos-círios, que se iluminadaos ou não nem importa tanto,
tanto que já perdeste a conta, e assim nem te dás conta
da rima pobre que acabaste de cometer - que fazer?
babalorixá agora de bastão passado - embora assumido, não herdado,
finalmente nasceste noutrem de nome joão... ah joão,
mais vivo que tú, mais nobre que um cão, tua chance de continuação
tampouco mais ou menos torto, não faz diferença...
desde nascença já te pertence, no balanço correto, quem dera,
sem eira nem beira, até parar a contagem - é tudo cabeça -
diferente de tú, esmo esborro, fidalgo incrédulo,
valgo dalgo danado de errado ou de bom, que não aprenderá jamais,
& entorta & sufoca & inibe & abafa todo discurso tosco,
só mais uma vez, para sempre só mais uma vez...
aí vais de novo & novamente, solitário-nauta,
na mesma busca desafreada, por entre os futuros hontems e os passados ojes
em todos os lugarem que possam existir, mesmo nas imundas fossas,
mesmo em todos os apegos, todas (de)formações: todamágoa, todorancor, todaraiva,
- aquela mesma que nos mata em cada dia dos nossos dias -
também lá não estão: a paz & a harmonia que procuras são únicas
e não vais achá-la assim tão fácil não, ah não vais não...
nem nas mais altas colunas da ordem e da desordem,
nem nas melhores barganhas entre a vida e a morte,
muito menos nos mais altos aléms dos tudos que te possam oferecer.

parabéns pra você.

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, qvartªfeira, vjgesºsegº dia do segº mez d este anno de MMXII

23.12.11

Tá chegando...


Nem tão cedo nem tão tarde
Nunca fui de muito alarde
E todas essas luzes piscantes
Com seus glamores ofuscantes
No fundo, no fundo, me fazem mal...
Seria isso, enfim, o que chamam Natal?
Aperto de mão e tapinha nas costas?
E tudo na mesma merda, na mesma bosta?
Fazer o bem por dever não por querer?
Não fazer o mal por religião e não por convicção?
Pois doa a quem doer, e dói em mim também,
Morra quem morrer, que seja aqui ou no além.
Dinheiro não compra felicidade, nem sua nem alheia
É uma pena o espírito natalino não durar a vida inteira!
...
Nem tão tarde nem tão cedo, é sempre o mesmo enredo
Tenha um Natal mais consciencioso e menos consumista
Fora isso, muita, mas muita saúde, que o resto se conquista...

* * *

Veja também o espírito dos natais passados aqui.

22.2.11

22022011

vinte onze, vinte onze, vinte onze,
tanto vai e vem que nem sabes donde
veio, e tudo com menos de dois vinténs e meio,
ainda mais depois que teu papel cair do céu, pronde vais?

trinta e quinze, trinta e quinze, trinta e quinze
és o único que a barba de branco tinge
dos teus bens se desfaz - pra você parabéns,
nesta data desquerida ou desesperada, tanto faz

e se de esperar já te cansas, ressabiado
saibas que estás mais perto, aliviado
e se teus círios se apagam mais rápido,
e teu caminhar te quer mais plácido
vinte onze, vinte onze, vinte onze.
Donde veio e pronde vais?
Vão te ver nunca mais?

12.9.10

os mal-vindos

Patricia A. Smith - "The Royal Treatment" 22" x 34" Acrylic on Bamboo Mat

Mandou eu me aprumar e tomar o meu rumo
Mandou eu apagar o cigarro que eu nem fumo
Mandou eu voltar sem saber se eu estava indo
Nunca é convidado mas se acha bem-vindo
Não viu e nem ouiviu, não sabe quem foi
Pela minha graça quer dar nome ao boi
Olha pro lado e aponta o dedo sorrindo
Não sabe de nada, mas vive  se exibindo
Tem o carro mais bacana, a mulher a mais gostosa
O dinheiro mais limpo, a merda mais cheirosa
Teu espelho tá quebrado e pensa que está tinindo
Assim que ele chega todos vão logo saindo
Chega no meio do papo e quer puxar assunto
Não sabe quem morreu mas quer velar o defunto
Diz que já fez, que já leu e que tudo conhece
É só papo furado, até o nome da mãe ele esquece
Numa realidade deturpada ele vive desconectado
Preste atenção Fulano, que vou te passar um recado
Antes mesmo de despertar para o seu eterno domingo,
Antes mesmo de chegar, considere-se mal-vindo.

Findo.

13.8.10

Yo no creo pero...


Segura a barra
A bruxa está solta
Não dê moleza
Ela pode estar na mesa

O dia inteiro
Até mesmo no banheiro
Ou de pijama
Dormindo na sua cama

Yo no creo en brujas
Pero que las hay, las hay

Yo no creo en brujas
Pero que las hay, las hay...

23.4.10

Bodas de Madeira

é o que dizem de 5 anos de casado.


5 anos... 12 anos... 22 anos...
nos conhecemos em 1988, namoramos em 1998, casamos em 2005
e ainda tenho aquelas sensações dúbias:
conheço-a há muito, muito mais tempo,
parece que por toda a minha vida a conheci,
e ainda assim me pego descobrindo coisas novas
de quando em vez!

Parabéns para nós, amorzinho...

22.2.10

22022010

Chinese Numbers - Lauren Luna
se de contar anos já me confundo
mundo impuro & de números composto
supostos seres que não contam mas fingem
cingem as ramas & tramas de desafetos
ereto cabresto em pau-a-pique de contaridade
contrariedade de quem pode ou não pode o que
desfazer ou fazer sem perguntar o quanto
tanto sim ou tanto não se tem de bom e força
da morsa que tanto aperta quanto afrouxa
babalorixá de mim mesmo, desde que nasceste
embora não parecesse, tão vivo ou tão morto
tampouco mais ou menos torto, não faz diferença...
e ainda assim tens muito o que melhorar... ah se tens!
este teu jeito cangaceiro de discurso-peixeira
ainda arauto galgo de coisas & sofrimentos
+ de tudo, então tu, esmo esborro, fidalgo dalgo incerto,
valgo de tu mesmo, quinta parte ou sesmo do que pretendias inteiro,
sendeiro oscuro & ebscuro, danado de errado e bom, que não aprendeu
a contar de dez a um, mas de vez por todas & que sempre já soube:
só mais um... só mais um... para sempre só mais um...
aí solitarionauta partes em busca desafreada a caçadas insanas
deshumanas e deshalmadas por todos os futuros hontems e passados ojes
de todas as almas (inumanas) que poçã hexistir, fossa himunda
de todos os apegos e (de)formações: todamágoa, todorancor, todaraiva
- aquela mesma que nos mata em cada dia dos nossos dias -
e a palavra cotidiana desprezada, que embora já seja palavra apenas,
é da boca pra dentro, e inunda de boa vontade os interiores,
e como sabemos, de boa vontade em boa vontade se vai ao longe,
embora não adiante muito o bonde...

parabéns pra você.

8.12.09

revendo-a


Ela já tem 50 anos... quem diria? Nem mesmo eu nos meus 44 (quase) poderia dizer, mas sim, 50, e eu também sei que seus cabelos seriam um pouco grisalhos se ela não os pintasse, mas ela o faz, numa cor negra tão natural, e que vai suavizando o tom ao chegar perto das raízes, que dá um toque diferente que eu adoro, e já se tornou ela, e lhe faz muito bem!

Cheguei de Dublin num vôo conturbado, perdi a conexão em Paris, perdi a cirurgia - queria estar lá logo que ela acordasse - e tive que vê-la só no dia seguinte. Ao entrar no quarto ela estava na cama, com a camisola do hospital e agulhas no braço... era a primeia vez que eu a via nos últimos 20 dias, e é desnecessário dizer que ela estava mais linda do que nunca... para mim, ela sempre está mais linda do que nunca.

É sempre assim, a cada afastamento, o reencontro nos mostra uma beleza... não diria maior, mas sim mais significativa. E creio que isso se deva ao nosso envelhecimento; se há algo bom em envelhecer, é isso, nossa profundidade, nosso repositório de sentimentos passa a absorver mais e melhor tudo o que sentimos.

E talvez seja essa profundidade que me faz enxergar em seu rosto sua idade e sua juventude, harmoniosa e graciosamente dividindo o mesmo rosto, ambas devotas à jovem que ela foi e à mulher que ela se tornou, se impôs no tempo...

Sempre que nos reencontramos me emociono, mas acho que nunca me emocionei como hoje. Eu já estava mais descansado da viagem, mas o impacto do vôo, o fuso, os atrasos... algo ou tudo ainda causavam efeito sobre mim, sobre meus ombros... como uma densa e pesada ansiedade... ela sorri, eu me aproximo, seguro sua mão e a beijo. De alguma maneira sou remetido ao passado, sem saber exatamente onde, mas aquela densa ansiedade se transforma numa doce euforia, como se estivesse me apaixonando, naquele momento, novamente e pela primeira vez, pela mesma mulher que tantas vezes já me apaixonara...

Me deixo cair na poltrona ao lado da cama, e me deixo aliviar, exaurir... a sensação de chegar onde sempre quis estar, e este lugar não é um lugar... muito além do tempo e do espaço, este lugar é um alguém... um estado de espírito que estrapola a própria dialética da existência...

20.11.09

Pérola Negra - Luis Melodia


Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou de amando
Baby, te amo, bem sei que te amo

Tente usar a roupa que eu estou usando
Tente esquecer eme que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola Negra, te amo, te amo

Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num pano em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo

Tente entender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro querendo eu te empresto
Se intere da coisa sem haver engano
Baby, te amo, nem sei se te amo

28.4.09

dizem...


... que eu não toco
sem saberem que prefiro ser tocado

seu contador sempre bem-cotado
sugere visitas constantes,
mas seus números são maquilados
e suas criação apenas minguante

dizem que eu não toco
sem saberem que prefiro ser tocado

um clique aqui (+1) e outro ali (+2)
um voltar (+3) e outro avançar (+4)
e se recarrego a página, duas marcas (+6)
ninguém segura este site!

dizem que eu não toco
sem saberem que prefiro ser tocado

Você está de nova vida
mais perdido do que antes
o pouco de si deixou pra trás
dizia que era só casa e comida
e que só se vive pra'diante
acho que você não sabe o que faz

dizem que eu não toco
sem saberem que prefiro ser tocado

meu sentido aqui é musical,
e o seu, meu amigo, ignorado.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, terçª, vjgesº-octº dia do qvartº mez d este anno de MMIX