18.3.09

it is a beautiful day, indeed


The heart is a bloom
Shoots up through the stony ground
There's no room
No space to rent in this town

You're out of luck
And the reason that you had to care
The traffic is stuck
And you're not moving anywhere

You thought you'd found a friend
To take you out of this place
Someone you could lend a hand
In return for grace

It's a beautiful day
Sky falls, you feel like
It's a beautiful day
Don't let it get away

You're on the road
But you've got no destination
You're in the mud
In the maze of her imagination

You love this town
Even if that doesn't ring true
You've been all over
And it's been all over you

It's a beautiful day
Don't let it get away
It's a beautiful day

Touch me
Take me to that other place
Teach me
I know I'm not a hopeless case

See the world in green and blue
See China right in front of you
See the canyons broken by cloud
See the tuna fleets clearing the sea out
See the Bedouin fires at night
See the oil fields at first light
And see the bird with a leaf in her mouth
After the flood all the colors came out

It was a beautiful day
Don't let it get away
Beautiful day

Touch me
Take me to that other place
Reach me
I know I'm not a hopeless case

What you don't have you don't need it now
What you don't know you can feel it somehow
What you don't have you don't need it now
Don't need it now
Was a beautiful day

22.2.09

22022009

Pois é edu, again,
você & mais ninguém!
fora tua cara dois terços
e um punhado de amigos
contados nos dedos de dez mãos.


Achas-te com sorte? Pense nas festanças
esbanjantes em abundanças de tudos & tudas,
com desperdícios de saúdes & disciplinas -
já não és aquele mesmo jovem de ontem... quanto tempo!
o mesmo tempo que não quer parar & insiste em te apresentar
mais um ano, e mais um ano, e mais um ano, e mais um ano...
com sorte, os teus também serão apresentados com mais um ano - cada qual ao seu próprio tempo
e principalmente Ela... embora preferisse que Ela ficasse fora do esquema,
melhor não, ou Ela não desfrutaria do benefício do teu maturamento... que só disso te beneficias.

Parabéns para mim...


asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, domjngo, vjgesº segº dia do segº mez d este anno Dommini de MMIX

19.2.09

My love'd know...


de Irving Berlin, particularmente maravilhosa na voz de Billie Holiday

How Deep is The Ocean?


How can I tell you what is in my heart?
How can I measure each and every part?
How can I tell you how much I love you?
How can I measure just how much I do?

How much do I love you?
I'll tell you no lie
How deep is the ocean?
How high is the sky?

How many times a day do I think of you?
How many roses are sprinkled with dew?

How far would I travel
To be where you are?
How far is the journey
From here to a star?

And if I ever lost you
How much would I cry?
How deep is the ocean?
How high is the sky?

7.2.09

uma tristeza sem fim...


Ouvir o CD Acústico do Roberto Carlos gravado para a MTV te tira do mundo... nada mais importa, o jantar, o vinho, a cervejada, a hora de dormir, o blog, a TV, Heroes, discurso do Obama, turismo em Atenas, a dieta, a ginástica... a vida, enfim! É uma tristeza na voz que não tem igual... mesmo cantando "O Calhambeque", você pode sentir uma tristeza imensa carregada nas palavras alegres, tristeza pela perda de Maria Rita. Agora, se você ouvir "Eu Te Amo Tanto", aí sim... tem algo a mais nesta música: uma poesia e uma melodia que não se preocupam em passar nada para ninguém... é algo só dele, Roberto, para ele e para Maria Rita. E por isso mesmo te toca - se você entrar na sintonia.

Quem tiver a benção de estar/ser apaixonado e entrar nesta sintonia, poderá sentir uma das mais tristes, sinceras e bonitas declarações de amor da música popular brasileira...

Roberto, meu camaradinha, você sabe o que é o amor, e todo o sofrimento que ele traz junto com ele! Estou contigo e não abro, mora!
Eu não me acostumo sem seus beijos
E não sei viver sem seus abraços
Aprendi que pouco tempo é muito
Se estou longe dos seus braços
E por isso eu te procuro tanto
E te telefono a toda hora
Pra dizer mais uma vez "te amo"
Como estou dizendo agora

Faço qualquer coisa nessa vida
Pra ficar um pouco do seu lado
Todo mundo diz que não existe
Ninguém mais apaixonado

Meu amor, você é minha vida
Sua vida eu também sei que sou
Cada vez mais juntos
Quem procura por você
Sabe onde estou

Olha, eu te amo tanto e você sabe
Sou capaz de tudo se preciso
Só pra ver brilhar a todo instante
No seu rosto esse sorriso

Faço qualquer coisa nessa vida
Pra ficar um pouco do seu lado
Todo mundo diz que não existe
Ninguém mais apaixonado

Meu amor, você é minha vida
Sua vida eu também sei que sou
Cada vez mais juntos
Quem procura por você
Sabe onde estou

Olha, eu te amo tanto e você sabe
Sou capaz de tudo se preciso
Só pra ver brilhar a todo instante
No seu rosto esse sorriso

26.1.09

São Paulo da Garoa

Composição: Tonico, Tinoco / B. Trajano




Como o tempo passa, como o tempo voa,
Neste meu São Paulo, terra da garoa.

São Paulo de dante, que o bonde corria,
Na ruinha estreita, na garoa fria.
O luar de prata que não vorta mai,
Minha serenata no bairro do Braiz.

Como o tempo passa...
Cidade singela que a saudade trais,
Da luz amarela, do lampião de gais,
Todo os bandeirante nóis vamo saudá,
São Paulo gigante, não pode pará.

Como o tempo passa...
A Light que acende lá nas marginais,
Viaduto se estende, tá crescendo mais.
Como o tempo passa...

22.1.09

はいく


cemitério:
jardim
às avessas.

graveyard:
garden
inside out.
envelhecer:
gastar-se
de fora para dentro.

aging:
a loss
inwards
.


asyno eduardo miranda
d eeste porto seguro d'Ijlha do Eire,
oje, qujmtª-fejra, vijgesº segº dja do prjmerº mez d eeste anno Dommini de MMIX

necr(o)-


mulher pálida
sobre pedra gélida
friíssimas – mulher e pedra

homem apático
prostrado frente à pedra
duríssimos – membro, mulher e pedra

e mesmo já morta – ela –
atrás das cortinas fúnebres
seu necrofastígio – (d)ele –
se esmoece em gestos vazios
conforme a melodia.

asyno eduardo miranda
d eeste porto seguro d'Ijlha do Eire,
oje, qujmtª-fejra, vijgesº segº dja do prjmerº mez d eeste anno Dommini de MMIX

20.1.09

Nâzim Hikmet

No ano em que o governo turco reestabeleceu a cidadania do poeta Nâzim Hikmet, uma homenagem que logo mais estará disponível em TUDA, uma revista eletrônica de poesia, literatura e afins, que lançarei no final do mês.

Nâzim Hikmet (1902-1963) é considerado o maior poeta turco do século 20. Artistas do país, como o Prêmio Nobel de Literatura Orhan Pamuk, já diziam que o caso de Hkmet é um exemplo da repressão da Turquia promovida contra seus intelectuais. Ele foi um dos primeiros poetas turcos a usar versos livres. Tornou-se conhecido no ocidente devido a traduções de sua obra para vários idiomas. Em seu país, no entanto, Hikmet foi condenado por suas convicções Marxistas. Hikmet passou a maior parte da sua vida ou preso em seu país, ou no exílio. Permaneceu uma figura controversa, mesmo décadas após sua morte, e somente agora, dia 5 de Janeiro de 2009, e que a Turquia resolveu reestabelecer sua cidadania, destituída em 1959.

Os Cantos dos Homens
tradução: Eduardo Miranda

Os cantos dos homens são mais belos que os homens
mais esperançosos
mais tristes
e com mais vida.
Mais que os homens, tenho amado seus cantos.
Posso viver sem os homens
mas nunca sem seus cantos.
Nunca me trairão os cantos.

Qualquer que seja sua língua, sempre os compreendi.

Neste mundo, nem a comida, nem a bebida
nem os becos,
nem as coisas que tenho visto, ouvido,
tocado, entendido
nada, nada,
me tem feito tão feliz como os cantos...

İnsanların Türküleri Kendilerinden Güzel

İnsanların türküleri kendilerinden güzel,
kendilerinden umutlu,
kendilerinden kederli,
daha uzun ömürlü kendilerinden.
Sevdim insanlardan çok türkülerini.
İnsansız yaşayabildim
türküsüz hiçbir zaman.
Kadınlarımı aldattım, türkülerini asla
Hiçbir zaman aldatmadı beni türküler de.

Türküleri anladım hangi dilde söylenirse söylensin.


Bu dünyada yiyip içtiklerimin,

gezip tozduklarımın,
görüp işittiklerimin,
dokunduklarımın, anladıklarımın
hiçbiri, hiçbiri
bahtiyar etmedi beni türküler kadar

8.1.09

PASSA UN OBRER - Joan Brossa

PASSA UN OBRER

Passa un obrer amb el paquet del dinar.
Hi ha un pobre assegut a terra.
Dos industrials prenen cafè
i reflexionen sobre el comerç.
L'Estat és una gran paraula.


PASSA UM TRABALHADOR
Tradução: eduardo miranda

Passa um trabalhador com sua marmita.
Um mendigo está sentado no chão.
Dois empresários conversam sobre negócios.
O Estado é uma falácia.

25.12.08

nicolaus

"Tenho penado bastante
tenho sofrido pra cachorro
o ano passado eu morri
mas este ano eu não morro"
[Zé Limeira, o poeta do absurdo]


deesta terra desólada
éra só iço meesmo qe restaara :
ë alghuü lugar d’ mumdo
é oora d ijrse
ë alghuü lugar d’ mumdo
é oora d seerse
– signaes deesta y d’outras modernaijdades :
nhuü mumdo redomdo
d’ooras redomdas ,
falhame señr que valhote amen
– agora y na ora d’ noosa bem tardia ora ...

y neeste novvu anno
qe sy approçima y açerca ,
aqui o alli , ao norte o sul ,
ao eeste o oeste ,
qe os Noéis nos sejamm gentijs ,
poijs huü homeë se vae
)in memoria(

emcuamto ooutro homeë se fijca
qe é como averija de seer :
y asy só , todo o mauu casy nõ se apercebe ,
neë tampoco se pod' ijmpedjr .

o<[¦¬]==
oh, oh, oh
& felizannonovodenovo &
> 2oo8 - 2oo9 <
açyno eduardo miranda
deeste porto seguro d' Ijlha d' Eire,
oje, qvartª fejira, vijgesº qvartº dija do dezº-segº mez deeste Anno-Domijnij d MMVIII.

16.10.08

Nós não nos fizemos



Nós não nos fizemos,
por um segundo pensamos nisso.

Meu corpo rompe fronteiras
meu cérebro é aberto ao novo mundo
fora dos limites de Fallopius
definitivamente não me fiz
mas posso contribuir com o acabamento.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª, dezº-sestº dia do dezº mez d este anno de MMVIII

12.10.08

Fora da Ordem - Uma homenagem ao momento...


Vapor Barato, um mero serviçal do narcotráfico,
Foi encontrado na ruína de uma escola em construção
Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína
Tudo é menino e menina no olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto ganindo pra lua
Nada continua
E o cano da pistola que as crianças mordem
Reflete todas as cores da paisagem da cidade que é muito
mais bonita e
muito mais intensa do que um cartão postal
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial
Escuras coxas duras tuas duas de acrobata mulata,
Tua batata da perna moderna, a trupe intrépida em que fluis
Te encontro em Sampa de onde mal se vê quem sobe
ou desce a rampa
Alguma coisa em nossa transa é quase luz forte demais
Parece pôr tudo à prova, parece fogo, parece, parece paz
Parece paz
Pletora de alegria, um show de Jorge Benjor dentro de nós
É muito, é grande, é total
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial
Meu canto esconde-se como um bando de ianomânis
na floresta
Na minha testa caem, vêm colar-se plumas de um velho cocar
Estou de pé em cima do monte de imundo lixo baiano
Cuspo chicletes do ódio no esgoto exposto do Leblon
Mas retribuo a piscadela do garoto de frete do Trianon
Eu sei o que é bom
Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem
Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial

15.9.08

The Great Gig In The Sky

Richard Wright

and I am not frightened of dying, any time will do, i
Dont mind. why should I be frightened of dying?
Theres no reason for it, youve gotta go sometime.
i never said I was frightened of dying.
Richard Wright is definitively playing that great gig in the sky...
Rest in Peace...

9.9.08

- sem título -



Todo morto traz na cara
a marca do que viveu
cujo cunho pode estar no peito
feito o cunho que está no meu

todo morto tem uma vida
dia ou outro rogada a deus
heréu cabresto da própria sina
enzima azêda que acometeu

todo morto bem morrido
é jazido na jazida que escolheu
aquilo que te mata, meu amigo
te digo que também mata eu.

assyno eduardo miranda
deeste porto seguro d' Ijlha d' Eire,
oje, terçª feijra, nonº dija do nonº mez deeste Anno-Domijnij d MMVIII.

12.7.08

- sem título -


uma tristeza imensa,
e um cansaço de tudo
que poderia deitar-me
sobre todas as coisas e esquecê-las
- desamores, injustiças, desrespeitos.

fechar os olhos e entregar-me, suavemente,
a uma inerte e sonolenta solidariedade...


asyno eduardo miranda
deste porto seguro d'jlha d'Eire,
oje, sabbato, dezº segº dia do septº mez d este anno Dommini de MMVIII

11.7.08

Let's Get Lost - Lyrics

Let’s get lost, lost in each other’s arms
Let’s get lost, let them send out alarms
And though they’ll think us rather rude
Let’s tell the world we’re in that crazy mood.
Let’s defrost in a romantic mist
Let’s get crossed off everybody’s list
To celebrate this night we found each other, mmm, let’s get lost

[horn solo] [piano solo]

Let’s defrost in a romantic mist
Let’s get crossed off everybody’s list
To celebrate this night we found each other, mm, let’s get lost
oh oh, let’s get lost

26.6.08

how can you mend a broken heart

Bee Gees


I can think of younger days when living for my life
Was everything a man could want to do.
I could never see tomorrow, but I was never told about the sorrow.

And how can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining?
What makes the world go round?
How can you mend a this broken man?
How can a loser ever win?
Please help me mend my broken heart and let me live again.

I can still feel the breeze that rustles through the trees
And misty memories of days gone by
We could never see tomorrow, noone said a word about the sorrow.

And how can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining?
What makes the world go round?
How can you mend this broken man?
How can a loser ever win?
Please help me mend my broken heart and let me live again.

19.5.08

comida - titãs


Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...

22.2.08

22022008


ao norte do núcleo oco do mundo
eu-mudo-contínuo grito solidão.

do sulco púrpuro não-raso não-fundo
não-puro não-imundo corto coração.

mas não há de ser nada não, afinal,
cada qual com a sua própria mesura.
pior que sangrar é sangrar em vão,
já que na sangria ganha-se a cura.

(pura retórica - não passa de palavras,
embora educadas pela pedra, lavra-lavra
pois chamie-me do que bem deixa-vier...
meus campos pignatários hão de florescer)

amanhece diferente este dia, como sempre
eventualmente o primeiro dia do meu ano.
no fundo eu só queria um sonho não-americano
que me desse um sabor de vida & arte...

mas o porta-estandarte do meu próximo amanhã -
o tempo - se achega me trazendo um ramalhete.
no cartão, apenas os dizeres "parabéns para mim"

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, sestª-feira, vjgesº segº dia do segº mez d este anno Dommini de MMVIII

18.2.08

Canto para Minha Morte


Composição de Raul Seixas e Paulo Coelho, quando ele ainda não era bestiséler

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

14.2.08

Directly From My Heart To You

Lyrics by Frank Zappa

(R. W. Penniman)

Direct
Directly from my heart to you
Direct
Directly from my heart to you
Oh, you know that I love you
That's why I feel so blue

Oh, I pray
Our love would last away
I pray
That our love would last away
Yeah, we'd be so happy together
But you're so far away

Well, I need
(Oh, baby, need you baby)
I need you by my side
Well, I need
Yes, I need you by my side
Oh, I'd loved you little darlin'
Your love I could never hide

My Funny Valentine

Música: Richard Rodgers.
Letra: Lorenz Hart.


My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my favourite work of art

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't you change one hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay

7.2.08

velho, mas atualíssimo...

que minha mão não trema
perante os traidores que me deram o veneno
que sai pela boca feito pecado
que vai pela boca mesmo não querendo

snifarei a louca,
bêbado de orgulho, irado de fraqueza
querendo parar a vida num momento,
geometrizando belezas.

tudo me enoja!
não preciso de estantes vazias
preciso sim, cabeça fria
pés firmes,
mãos livres,
olhos abertos...

Permanecer vivo, até o fim,
intocável, incomunicável,
irrespirável, indecifrável,
embalos ateus, adeus:

deus agora e sem, ilumina.


asynado eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
n algum dia, d algum mez, d aquelle anno de MXMLXXXVIII

9.1.08

cão & bode


Tú, cão & tú.
cão negro não preto
guia da noite da morte
companheiro do dia da vida - desmedida!
desmesura-te e arrasta-te
manda pra berlinda a vida
deste homem-de-bem - e olhai
atentamente as almas que te rodeiam
pois saibas que sofrerás a fome,
que enquanto és vivo, celebras tú
e quando morreres celebrará tua alma.

Tú, bode & tú.
bode branco não branco
um para o dia da vida
outro para a noite da morte - consorte!
anorteia-te e afasta-te
arrasta pro nunca a vice-morte
deste homem-de-mal - diácono nefasto
afasta-o pra onde a palavra não fecunda -
imunda alma carregada com o pecado do teu povo,
bodoso banido do céu divino a errar pelas bouças:
pouca morte terás para a tua eterna ode.

bode-expiatório não dorme de touca.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro d' jlha d' Eire,
oje, qvartª feira, nonº dija d prijmº mez deeste Anno-Domijnij d MMVIII .

1.1.08

four translations

Trabalho preparado para uma revista literária de Dublin, onde traduzi 4 poemas do português para o inglês".


FERNANDO PESSOA – AUTOPSYCHOGRAPHY
This Pessoa’s poem is marked by the forgery of the feelings – the art of misrepresentation. Autopsychography derives from Portuguese word “Psicografia” (Psychography), which derives from the Greek, meaning ‘writing from the mind or soul of a medium, words suggested by a spirit or entity’.

Autopsychography

The poet is a mere dissimulator
His dissimulation seems so real
That he dissimulates to be dolor
The dolor which he can really feel.

And those who read his writes,
In the pain chore feels well,
Not both the pains he delights,
But the one which no one tells.

Thus in the gutters of the funny wheel,
Spin, spin, to put my mind apart
This convoy of hope made of steel
This convoy of rope called heart.

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.



MÁRIO QUINTANA – THE CONTRA’S LITTLE POEM
In this poem, Quintana uses a homograph – “passarão” – the future sentence of the verb “to pass”, which can be interpreted as “death”, but also means “big bird”, although this meaning is out-of-context till the next verse, where Quintana uses the word “passarinho” – meaning “little bird” – which echoes with “passarão”, bringing up its second meaning.

The Contra’s Little Poem

All of those who may
Forbid me to fly:
They will pass away
I'm passing by.

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho
Eles passarão...
Eu passarinho.



CRUZ & SOUZA – SKULL
The leading figure of the Symbolist movement in Brazil, Cruz e Sousa was the son of freed slaves. His poetry weds the technical principles of French Symbolism to themes drawn from his social concerns and his own personal suffering. This poem describes a skull, emphasizing that we are all the same, and the Death takes us all, either white or black.

Skull

I
Eyes which were eyes, two holes
Neither green nor blue, cold and dull...
Two dark eyeholes in a deep stroll
Skull!

II
Nose of delicate feature, insolent,
Shaped not to be lenient but cruel.
What's been done of the sweet scent?
Skull! Skull!!

III
Mouth of white teeth and lips
Kindly rounded, almost dull.
Where the smile, the laugh, the quips?
Skull! Skull!! Skull!!!

Caveira

I
Olhos que foram olhos, dois buracos
Agora, fundos, no ondular da poeira...
Nem negros, nem azuis e nem opacos
Caveira!

II
Nariz de linhas, correções audazes,
De expressão aquilina e feiticeira,
Onde os olfatos virginais, falazes?!
Caveira! Caveira!!

III
Boca de dentes límpidos e finos,
De curva leve, original, ligeira,
Que é feito dos teus risos cristalinos!?
Caveira! Caveira!! Caveira!!!



JOÃO CABRAL DE MELO NETO – from Death & Life Severina
"Morte e Vida Severina" (partially translated by Elizabeth Bishop as "Death and Life of a Severino", but for aesthetic reasons I think "Death & Life Severina" works better) is Cabral's most famous work, a very long narrative poem. The part I took here became a song sang by Chico Buarque de Hollanda, and describes the life of a poor country man in the dry northeastern part of Brazil, dreaming about have his own land.

from Death & Life Severina

The grave you are,
measured by strife
is the smallest share
you've got in life.

Neither wide nor profound,
Just the perfect range,
it’s the piece of ground
yours innately grange.

It’s not a big grave,
but measured and spared,
the land which you crave
one day to see shared.

It’s a big grave for your blunt
dead body, untied and uncurled,
you’ll feel yourself more pleasant
than you ever felt in the entire world.

de Morte e Vida Severina

Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a cota menor
que tiraste em vida.

É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
neste latifúndio.

Não é cova grande.
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.

É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.

27.12.07

Merry Christmas

The War is Over



Little words from John Lenon SHOULD STILL WORK, but everybody (including me) are so busy to do something...

And so this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong
And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight
A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
And a new one just begun
And so happy Christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

War is over
If you want it
War is over
Now...

21.12.07

xmas & nuyear

Dizem que sou louco / por subir no pé de coco
pra pegar o coco / descer com o coco
do pé do coco / e abrir o coco
pra saber se o coco / é oco.
( anônimo, em 'Pequeno Livro dos Despautérios e das Causas Perdidas do Povo do Norte-Leste Brasileiro’, 1757,)

é só iço que ouuerã :

emcoantu aijmda algo d nos meesmos nos falta,

é como averija de seer: nõ podemos dijzer que

ouro o prata nõ teemnhä nenhuüm' ijmportãcia

) ë seer, por seer, com seer ( neesta modernaijdade :

emtam dijguo falhame señr, que valhote, amen

- agora y na ora d mijnha ora . . .


Y neeste novu anno que sy açerca,

que a terra sejanos leve mas nosas oras lomgas . . .

que a gamnãçija nõ ademtre muijto em nossos corações

poijs huü pouco só - y asy só -

casy nõ se apercebe,

- neë tampoco se pod' ijmpedjr.


Y que a paz faça morada na memte dos homeës de maas uontades,

porque os de booas uontades ja a tem!



o<[¦¬]==
oh, oh, oh
& felizannonovodenovo &
> 2oo7, 2oismileoit8 <
asyno eduardo miranda
deste porto seguro d' jlha d' Eire,
oje, sestª feira, vjgesº prjmerº dija d dezº-segº mez deeste Anno-Domijnij d MMVII .

16.12.07

João Garcia de Guilhade

Double-Eye, Olafur Eliasson, Berlin, Summer 2004


Fez meu amigo gran pesar a mí
e, pero m'el fez tamanho pesar,
fezestes-me-lh', amigas, perdoar
e chegou hoj'e dixi-lh'eu assí:
«Viínde ja, ca ja vos perdoei,
mais pero nunca vos ja ben querrei».

Perdoei-lh'eu, mais non ja con sabor
que eu houvesse de lhi ben fazer,
e el quis hoj'os seus olhos merger,
e dixi-lh'eu: «Olhos de traedor,
viínde ja, ca ja vos perdoei,
mais pero nunca vos ja ben querrei».

Este perdón foi de guisa, de pran,
que ja máis nunca mig'houvess'amor,
e non ousava viír con pavor,
e dixi-lh'eu: «Ai cabeça de can,
viínde ja, ca ja vos perdoei,
mais pero nunca vos ja ben querrei».

13.12.07

a pedra


... aferro-me a palavras minhas e me petrifico:
sou o protagonista dos males que crio
e dos quais sempre busco fugir.
os outros, os seres necrofágicos,
eles são os culpados. e os atraio,
os saúdo e num deles me transformo
ao transbordar minha brutalidade.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do eire
oje, dezº terçº dia do
dezº segº mez deste anno de MMVII

3.12.07

MY...

... LOVE IS IN THE AIR!
(John Paul Young)


Love is in the air
Everywhere I look around
Love is in the air
Every sight and every sound

And I don't know if I'm being foolish
Don't know if I'm being wise
But it's something that I must believe in
And it's there when I look in your eyes

Love is in the air
In the whisper of the trees
Love is in the air
In the thunder of the sea

And I don't know if I'm just dreaming
Don't know if I feel sane
But it's something that I must believe in
And it's there when you call out my name

(Chorus)
Love is in the air
Love is in the air
Oh oh oh
Oh oh oh

Love is in the air
In the rising of the sun
Love is in the air
When the day is nearly done

And I don't know if you're an illusion
Don't know if I see it true
But you're something that I must believe in
And you're there when I reach out for you

Love is in the air
Every sight and every sound
And I don't know if I'm being foolish
Don't know if I'm being wise

But it's something that I must believe in
And it's there when I look in your eyes

25.11.07

Tô Voltando

(Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós)

Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando

Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama
Eu tô voltando

Leva o chinelo pra sala de jantar...Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar porque eu tô voltando

Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de flor
Que eu tô voltando

Pega uma praia, aproveita, ta calor, vai pegando uma cor
Que eu tô voltando

Faz um cabelo bonito pra eu notar que eu só quero mesmo é
Despentear
Quero te agarrar... pode se preparar porque eu tô voltando

Põe pra tocar na vitrola aquele som, estréia uma camisola
Eu tô voltando

Dá folga pra empregada, manda a criançada pra casa da avó
Que eu tô voltando

Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar... Quero lá.. lá.. lá.. ia.....porque eu tô voltando!

3.11.07

um pessoa


Autopsychography
trans-creation by eduardo miranda

The poet is a mere dissimulator
His dissimulation seems so real
That he even dissimulates the dolor
The dolor which he can really feel.

And those who read his writes,
In the pain chore feels well,
Not both the pains he delights,
But the one which no one tells.

Thus in the gutters of the Funny wheel,
Spin, spin, to put my mind apart
This convoy of rope made of steel
This convoy of hope called heart.

* * *

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

fernando pessoa, 27/11/1930

10.10.07

Alguém aí viu o meu Gin? (*)

Does anybody here remember Vera Lynn?
Remember how she said that
We would meet again
Some sunny day?

Vera! Vera!
What has become of you?
Does anybody else in here
Feel the way I do?

Pink Floyd

(*) Vera Lynn is Cockney slang for Gin.

9.10.07

Flatus

Flatus
ensaio sobre poema "The Tiger", de Willian Blake



Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és, flatus, senão gases expelido pelo ânus?
Dióxido de carbono, hidrogênio e metano na mistura,
E sulfeto de hidrogênio e enxofre para dar a bastura.

E se todos falam de peido, eu também vou falar
Pois peido mesmo são aqueles que deveriam governar
Mas só peidam & peidam, sem vergonha nem decoro,
Pelos cantos, pelas casas, peidam em todos os foros.

Em que narinas & em que pulmões, daqui ou d'além mar
Queimam teus fedores? Donde os planeja fermentar?
Dentre tantos horrores que ainda hoje se atença,
Que bundas & cús brindarás com tua flatosa presença?

Quantos mortos mais? Sejam nos aviões ou nas ruas?
Quais bolsos agora farão morada às tuas falcatruas?
Donde está a vergonha de ter tua cabeça a prêmio,
Se tirar o cú da reta te faz honrado no teu grêmio?

Quais foram os martelos? Quais foram as correntes?
Em que fornalhas ousaste forjar tua infesta mente?
Com que bigornas? Que morsas de mandíbulas infinitas,
Desafiaste tuas mortalhas em quais câmaras malditas?

Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és senão o cheiro podre dos teus múnus
Mensaleiros, népotas e coronéis para a mistura
E um pouco de calheiro para dar vazadura.

14.7.07

passarelas

... e passam as mulheres elegantes (& italianas)
nas passarelas esburacadas do centro de Milão,
com seus vestidos (italianos) &
seus cabelos (italianos) &
suas bolsas (italianas) &
suas sandálias (italianas)...
sozinhas, talvez procurem um varão italiano
que ao bem da verdade pode ser albanês
talvez não egípcio, tampouco marroquino
mas é certo que procuram um varão
para admirar suas sandálias & bolsas & cabelos & vestidos
puramente italianos.

assyno eduardo miranda,
d esta penisola effervescente da terra d'Italia,
oje, sabbato, dezº qvartº dia do septº mez d este anno de MMVII

9.7.07

El Vino - Alberto Cortez


"Sí señor... el vino puede sacar
cosas que el hombre se calla;
que deberían salir
cuando el hombre bebe agua.

Va buscando, pecho adentro,
por los silencios del alma
y les va poniendo voces
y los va haciendo palabras.

A veces saca una pena,
que por ser pena, es amarga;
sobre su palco de fuego,
la pone a bailar descalza.

Baila y bailando se crece,
hasta que el vino se acaba
y entonces, vuelve la pena
a ser silencio del alma.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Cosas que queman por dentro,
cosas que pudren el alma
de los que bajan los ojos,
de los que esconden la cara.

El vino entonces, libera
la valentía encerrada
y los disfraza de machos,
como por arte de magia...

Y entonces, son bravucones,
hasta que el vino se acaba
pues del matón al cobarde,
solo media, la resaca.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Cambia el prisma de las cosas
cuando más les hace falta
a los que llevan sus culpas
como una cruz a la espalda.

La puta se piensa pura,
como cuando era muchacha
y el cornudo regatea
la medida de sus astas.

Y todo tiene colores
de castidad, simulada,
pues siempre acaban el vino
los dos, en la misma cama.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Pero... ¡qué lindo es el vino!.
El que se bebe en la casa
del que está limpío por dentro
y tiene brillando el alma.

Que nunca le tiembla el pulso,
cuando pulsa una guitarra.
Que no le falta un amigo
ni noches para gastarlas.

Que cuando tiene un pecado,
siempre se nota en su cara...
Que bebe el vino por vino
y bebe el agua, por agua."

3.6.07

tankas irlandeses

nota pós-suicída

na mesa posta para o jantar, quatro pratos
ele & ela ainda esperam
os filhos descerem para o jantar
mas seus corpos pendurados
nunca mais vão se mexer


filha

quando maria primeira morreu, zé pensou:
maria segunda está ficando moça.
quando maria segunda morreu, zé pensou:
preciso de outra filha
para dar vazão à minha luxúria


assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, domjngo, terçº dia do sestº mez d este anno de MMVII

26.5.07

sozinho...
viscerosamente sozinho.

só assim posso ouvir-me por inteiro,
a todos os apelos e a todas as urgências

de todos os vôos que sempre quis voar
de todos os cantos que sempre quis cantar

de todos os mundos que sempre quis mudar
mas por engrenagens-motivos não me entrosei

todas as seqüelas das antiutopias da utopia
e suas gárgulas quiméricas populando meu imaginário

de todos os excessos que sempre me dispus a cometer
com todas e mais outras adicções estupefacientes

de todas as imersões da minha alma parônima
de todas as emersões de contradições homófonas

a tudo isto quero celebrar,
rápido, rápido, antes que tardo,
pois o fumo já se queimou
e o conhaque pertence ao etéreo

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, vigesº sestº dia do qvjmtº mez d este anno de MMVII

21.4.07

notas para um sábado

(fuga sobre motivo de "onde andaras?", de Ferreira Gullar)
lembra nossos sábados?
de manhãs preguiçosas e almoços espaçados,
e nós, atrasados... sempre atrasados!

sessões de cinema no fim da tarde
depois um jazzinho sem muito alarde
e a dança dos lençóis - capítulo à parte!

onde andarás nessas tardes vazias
agora que sábado é só mais um daqueles dias
intermináveis, que parecem não ter mais fim

depois que o sol se põe nas varandas
em que bares? em que cirandas?
por onde andas a te distrair de mim?

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, vjgesº-prjmerº dia do qvartº mez d este anno de MMVII

22.2.07

22022007

se de me magoar já me canso
enquanto desgosto me causo,
pauso agora esta vida de feridas
sabidas e não sabidas, na busca
ofusca(da) da pedra filosofal,
grande mal da humanidade: tentar
tapear a morte e com ouro fácil enricar
quando deveria pensar em volatizar...
volatizar - sendo um Ser mais Sermente -
volatizar-me-ei num SELFware mais SELFwarely!


natalis mihi hodie est:
parabéns para mim.

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª feira, vigesº segonº dia do segonº mez d este anno de MMVII

23.1.07

... e não é que há quem diga?

Eu quero é botar meu bloco na rua

Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou

Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero todo mundo nesse carnaval...

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender.

(Sergio Sampaio)

21.11.06

-: pequeno tratado do desterro :-
o livro dos rancores

estrelas deitadas em rasas poças
moças bonitas melhor não tê-las

casos de noites de amores morrido
ferido animal evade a largos passos

vida cruel agora que tinhas tudo
mudo mundo de marcadas feridas

amarga testemunha de céu obscuro
puro rancor que só em dor se alarga

enormes peitos composto adiposo
poroso tecido de formas aformes

bunda de bonitos contornos feita
arquétipo de minha libido imunda

abjeto orgão de larga bocaina
vagina cruel cuspidora de feto

herda destempero teu querer
você e nada são a mesma merda

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, terçª feira, vigº primº dia do dezº primº mez d este anno de MMVI

19.10.06

-: pequeno tratado do desterro :-
heresias

1.

alá
+ 66 deuses terríveis
queimam aloés negro

2.

bâqi o eterno e amável
de amor açucara o ar
com danûsh e nulûsh

3.

jâmi
reúne os terríveis
e os amáveis

4.

dayyân conta
65 sândalos vermelhos
ao sol

5.

hâdi com seus 20 guias
também busca sândalos
embora brancos

6.

wali
amigo de puyûsh e raftmâ’il
exala cânfora

7.

zaki
purifica o câncer
com água e mel

8.

haqq composto de
verdades e ódio e terra
composto

9.

tâhir
e o terrível desejo
santo de fogo

10.

yâsin chefe
atrai 130 folhas
de rosas de marte

20.

kâfi presumido folhas
de rosas brancas
e escorpiões

30.

latif separa as maçãs
benignas
para vênus

40.

malik rei de marmelo
leão terrível
de amor

50.

nûr
luz de ódio odor
jacinto libra amável

60.

sami’ ouve desejo
expresso nos diferentes
perfumes d’água

70.

’ali exaltado enriquece na
terra virgem da pimenta
branca

80.

fattâh que abre a noz
para o leão e a
hostilidade

90.

samad estabelecido sob
sol e intensidade
moscada

100.

qâdir
composto água desejo
peixe e vênus

200.

rab + 200 senhores
banham virgens com
água de rosas

300.

shafi’ aceita o escorpião
com aroma de aloés
branco

400.

tawwâb perdoa
a insônia de latyûsh e
azrâ’il

500.

thâbit
estável ódio e águas
sem peixes e águas

600.

khâliq criador de 731
violetas na terra de
capricórnio

700.

dhâkir se recorda dos
manjericões de fogo
em fogo

800.

dârr com ar cítiso
pune vênus
e aquário

900.

zâhir evidencia
1106 hostilidades
a ghafûpush e nurâ’il

1000.

ghafûr grande perdoador
despeja cravos-da-índia
na terra convalescente

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª feira, dezº nonº dia do dezº mez d este anno de MMVI

21.9.06

eu e minha boca ferida, leiloada ao silêncio
numa manhã desprovida de pássaros e sem lascas de sol.
uma nudez de alguma ausência anuncia um acontecimento:

busco devolver o corpo ao corpo... do corpo aos corpos
depois de tudo o que passei:

joões-de-barro despencados galho a galho
pedras desfolhadas em saveiros estelares
surpreso ao constatar que algo em mim ainda cresça,
(apesar de tudo)

a dureza,
à dureza,
àa dureza.
àà dureza.


nascido em fevereiro,
como pude endomingar-me?


asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª feira, vigézº primº dia do nonº mez d este anno de MMVI

16.9.06

... e o tempo não parou para nós
como esperávamos.
antes, ele nos abraçou com a vontade
de quem revê um velho amigo que não se via há muito...

mas ao menos fizemos graça disso tudo,
como brincadeira de criança:
um ano para você, um ano para mim,
invariavelmente...

assim nossos olhos cegos poderão
continuar a enxergar em nós
toda a beleza que queremos enxergar...

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, dezº sexº dia do nonº mez d este anno de MMVI

6.9.06

Grandfather

Derek Mahon, born Belfast 1941

They brought him in on a stretcher from the world,
Wounded but humorous; and he soon recovered.
Boiler-rooms, row upon row of gantries rolled
Away to reveal the landscape of a childhood
Only he can recapture. Even on cold
Mornings he is up at six with a block of wood
Or a box of nails, discreetly up to no good
Or banging round the house like a four-year-old --

Never there when you call. But after dark
You hear his great boots thumping in the hall
And in he comes, as cute as they come. Each night
His shrewd eyes bolt the door and set the clock
Against the future, then his light goes out.
Nothing escapes him; he escapes us all.

19.8.06

despojamento

...e por outro lado, outras bandas & outros ares
outros todomundo perguntavam, apesar dos pesares:
e tu, amiga, sabes donde estas metendo tua colher?
e tu dizia, preocupem não, sei o que estou a fazer.

embora saber sabia, o que prever não podia era donde
tal viagem ia dar, no coração é certo, se perto ou longe
do núcleo, ele mesmo o divisor do que é eterno ou efêmero,
que só de a dúvida brotar já fica o coração mais enfermo...

e coisa vai, coisa ia, tudo bem regado a certa poesia,
a tal do dia a dia, que encanta, enfeitiça e alumia
e se já se vai meio sem rumo, ponto sem nó, fruta sem sumo
aí é que o bicho pega, a cabra cega e a cobra leva fumo.

e mesmo sem crer em dito popular, maldito ou bendito que seja
entrega-se a alma e tudo mais que nela se carrega, de bandeja,
e ao entregar tão valoroso bem a um outro, esse tal de Alguém,
vê-se que também se queria que esse Alguém lhe desse o mesmo bem,

mas se de esperar a gente se cansa, contravontades de amores
então luta-se contra a vontade, a evitar devastações maiores
e parte-se, divide-se, subtrai-se então, e sem somatória
vai-se à procura de algo(uém) pra ajuntar e fazer história.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, sabbato, dezº nonº dia do octº mez d este anno de MMVI

16.8.06

"eu vivo em trincheiras provisórias "
antônio risério


todo morto traz na cara
a marca do que viveu
cujo cunho pode estar no peito
feito o cunho que está no meu

todo morto tem uma vida
dia ou outro rogada a deus
heréu cabresto da própria sina
enzima azêda que acometeu

todo morto bem morrido
é jazido na jazida que escolheu
aquilo que te mata, meu amigo
te digo que também mata eu.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qvarª feira, dezº sesº dia do octº mez d este anno de MMVI

15.8.06

los tejidos templarios

achega-te a mim nega, diz em primeiro plano -
titubeante mas fluente - que sou, que faço, me abunda
incha minha bola de festim com estalido catalano
(estou absolutamente apático nesta segunda)

dou de comer & de beber a todo o ócio distraído
tapas & beijos & cavas a alegrias passageiras
imagino-me como uma puta de avenidas estrangeiras
a exibir um falso-brilhante já gasto e abatido

fecho as janelas, deito-me ao chão do equador
inevitavelmente ao sul, tanto por aquis como por lás
sempre voltarei para os flamboyants dos meus orixás

já posso me ver como um gris de flamejante topor
a consumir meus dias avindos e voluntários
lleno de estampas en los tejidos templarios.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, terçª feira, dezº qujmto dia do octº mez d este anno de MMVI

13.8.06

retirante

para meu pai, no seu dia...

e se quando aqui chegou
tinha algo pra falar, calou:
é que o coração desdentado
desconhecia o verbo enroscado
na garganta

e aquele mundo antes pequeno,
ameno, que lhe possibilitava, matou.
:deixou de sonhar o horizonte númeno
autógeno da possibilidade iminente
e lembrou

de um passado saudoso, e chorou
o choro dos bravos, mas lutou
pelo que veio buscar, eminente
veio, viu, venceu: plantou fruto donde
nasci eu...

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, domjngo, dezº terçº dia do octº mez d este anno de MMVI

10.8.06

alheia

manter o movimento das coisas
nas coisas todas que tocaste
como se mexidas há pouco
no pouco tempo que ficaste.

e parece que ainda andas de vulto
inulto bulir das coisas com precisão
de ladrão: rouba-me, leva-me, lava-me,
sirva-te de mim, mas não deixa eu não.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmta feira, dezº dia do octº mez d este anno de MMVI

alumia

[para arnaldo xavier]
alumia
incandesce o extremo norte
desse cachimbo boreal
e inala...
inala ao sul desce denso peyote
chicote açoita narinas & pulmões

alumia, alumia
bota voz & poder dentro nessa boca
abre braços & pernas prum leste-oeste qualquer
e constata...
está tudo tão cheio de deuses,
e deuses não arredam pé

alumia, alumia, alumia
explode veia temporal & fecha
o sabre-flecha d'cabeça escalpada
e arremata...
mata um pássaro hontem
com a pedra que atiraste oje.

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmta feira, dezº dia do octº mez d este anno de MMVI